A família Ulianov muda-se para Moscou no outono de 1893; Lenin resolve morar sozinho em São Petersburgo. Aí, nos seus primeiros anos, Lenin diz da importância de pensar com clareza para não se desviar do caminho por falsas tendências. As grandes distâncias russas resultam num isolamento entre as cidades mais importantes, e também com o interior do seu imenso território. Quebrar esse isolamento é o propósito de Lenin para ir ao encontro das personalidades importantes da social-democracia internacional. Para Lenin, é imperioso saber como se comporta o desenvolvimento do marxismo no Ocidente. Então, ainda muito jovem, vê-se no exterior, na sua primeira experiência. Na Suíça, encontra-se com Pleklanov; em Berlim, com Karl Liebknecht; em Paris, com o genro de Karl Marx, Paul Lafargue.
Assim Lenin foi descrito pelo bolchevista Potresov, em suas Memórias, por ocasião dessa viagem ao exterior: "rosto emagrecido, a cabeça quase completamente calva, apenas com alguns tufos de cabelo, uma pequena barba avermelhada. Sob as sobrancelhas os olhos entreabertos pareciam astutos e penetrantes. Os amigos brincavam, dizendo que nascera velho e calvo e que pelo aspecto físico um típico negociante da Rússia setentrional".
Após ter retornado a São Petersburgo, Lenin tenta delinear a União de Luta pela Emancipação da Classe Operária, que passa a atuar em cerca de vinte círculos marxistas; os locais escolhidos para essa ação, para a divulgação dos primeiros lineamentos marxistas entre os trabalhadores, por meio de manifestos e panfletos, são os centros industriais russos. Nessa época, ou seja, em meados de 1890, Vladimir Lenin não é ainda o líder entre os marxista em São Petersburgo; mas já é importante no círculo dirigente, composto de quarenta pessoas.
Em dezembro de 1895, são presos todos os membros do círculo dirigentes: o descuido de um jovem ativista, leva a polícia a prendê-lo; e encontra com ele as provas do primeiro número do jornal Classe Operária, cuja impressão era aguardada. O prisioneiro logo aponta à polícia os membros da organização. Lenin é conduzido ao cárcere da Rua Spalernaia, onde fica recluso por pouco mais mais de um ano. Nesse período, mantem-se ativo com suas leituras e correspondência com companheiros da prisão e os que se encontram fora dela. Entre os inocentes comunicados que escreve da prisão, Lenin dá instruções, pede notícias, redige proclamações e manifestos. Para evitar a depressão e outros problemas de saúde, Vladimir exercita-se.
Sobre a prisão de Lenin, Gerard Walter escreve: “Para o frio planejador que foi Lenin, até a prisão oferecia vantagens. Ele a considerava uma pausa útil para voltar à boa forma. Tinha problemas com o estômago, e jamais tivera tempo para tratar-se quando em liberdade. Agora finalmente seguiria uma férrea dieta, que antes lhe fora aconselhada por um médico suíço. Era, muitas vezes, atormentado por problemas com os dentes; consegue, na prisão, licença para tratá-los com um dentista particular. Longas horas de sono, ginástica e, contra o tédio, leituras recreativas, traduções e um trabalho obrigatório: a elaboração de um de seus livros fundamentais: O desenvolvimento do Capitalismo na Rússia. Podia ler e escrever à vontade na prisão, e ainda pedir livros da biblioteca. Recluso, não lhe faltam calma e reflexão. No fim da pena Lenin disse, entre brincalhão e sério: 'Que pena, não pude terminar meu trabalho'”.
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Ainda sobre a prisão e condenação de Lenin, escreve Christofher Hill: “Lenin foi mantido na prisão por mais de um ano, tempo em que continuou a elaborar panfletos e declarações, escrevendo com leite guardado em 'tinteiros' de pão fáceis de engolir quando necessário. Sentia-se, entretanto, muito solitário. Sua futura esposa, Nadiejda Constantinovna Krupskaia, encontramo-la, pela primeira vez, em pé num determinado ponto da calçada fora da prisão, horas à espera de que Lenin pudesse olhá-la de relance através de uma janela enquanto os prisioneiros faziam exercício”.
“ Quando a final foi submetido a julgamento – diz Hill -, Lenin viu-se condenado a três anos de exílio na Sibéria, Chuchenskoie, perto de Minusinski, na Província de Jenissei. A não ser pelo clima adverso, e pelo fato de uma fuga tornar-se impraticável em região tão desolada e inacessível, as condições desse degredo não eram demasiado severas: Lenin ali pode receber livros para estudar, escreveu muita coisa, e completou O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia. Uma vez por semana podia livremente falar com os camponeses sobre questões jurídicas. E maio de 1898 viu chegar Krupskaia, que também fora condenada ao exílio e com quem se casou mesmo na Sibéria”.
Sobre a companheira de Lenin, escreve Curzio Malaparte: Nadejda Konstantinovna Krupskaia teve, na vida de Lenin singular importância: representa uma parte que surpreende até mesmo os que vêem em Lenin o Gêngis Khan da revolução proletária. Mulher enérgica e muito inteligente, de olhos claros e salientes, olhar doce e lento lábios grossos e moles, espírito claro e limitado, caráter paciente e resoluto, Nadejda Konstantinovna Krupskaia não foi apenas a secretária do revolucionário profissional, mas sua colaboradora devotada e incansável, mulher no sentido mais burguês do termo, aquela que, tanto em Chutchenskoie [Sibéria], como em Londres, Paris e Zurique, nos tristes anos de exílio, ou nos trágicos dias da revolução, zelará pela saúde de Lenin, pelo seu trabalho, descanso, suas distrações, e lhe proporcionará um ambiente doméstico simples mas tranqüilo, num clima de confiança e tranquilidade familiar”.
L. Fotieva (Lydia Alexandrovna Fotieva), autora do livro traduzido do russo para o espanhol com o título De la vida de Lenin, e depois traduzido para o português, por Zuleika Alambert, com o título de Lenin, escreve: “Antes de minha chegada a Genebra, não tinha uma idéia exata do caráter e do tamanho das divergências entre os bolchevistas e os menchevistas. No entanto, mesmo o pouco que chegava até nós fazia com que inclinássemos para os bolchevistas. Assim é que, quando cheguei a Genebra, senti todas as minhas simpatias voltadas para os bolchevistas – mais por intuição, que por compreensão absoluta – e a seguir incorporei-me ao seu círculo. Somente em Genebra, quando comecei a ler ávidamente a literatura do Partido, sobretudo o livro de Lenin Um Passo Adiante, Dois Passos Atrás, e conversando com os camaradas de mais idade, compreendi plenamente toda a profundidade e antagonismo das divergência entre Bolchevistas e Menchevistas”.
Sobre a vida de Lenin com sua mulher, em Genebra, diz L. Fotieva: “Foi nesse ambiente complicado, tenso e difícil em que me encontrei ao incorporar-me à colônia de emigrados em Genebra, no verão de 1904. Vladimir Ilitch e Nadiejda Constantinovna voltaram logo. Meu encontro com eles produziu-me enorme impressão. Era surpreendente a simplicidade e afabilidade deles. Era surpreendente a singular perspicácia de Vladimir Ilitch. Diziam que lia até o fundo da alma das pessoas”. L. Fotieva diz ainda, que, ao trabalhar com Nadiejda sentiu por ela um grande afeto. Afirma também que Nadiejda era uma pessoa equilibrada, tranqüila e cordial; e que possuía conhecimentos teóricos e grande experiência do trabalho partidário.
“ Quando a final foi submetido a julgamento – diz Hill -, Lenin viu-se condenado a três anos de exílio na Sibéria, Chuchenskoie, perto de Minusinski, na Província de Jenissei. A não ser pelo clima adverso, e pelo fato de uma fuga tornar-se impraticável em região tão desolada e inacessível, as condições desse degredo não eram demasiado severas: Lenin ali pode receber livros para estudar, escreveu muita coisa, e completou O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia. Uma vez por semana podia livremente falar com os camponeses sobre questões jurídicas. E maio de 1898 viu chegar Krupskaia, que também fora condenada ao exílio e com quem se casou mesmo na Sibéria”.
Sobre a companheira de Lenin, escreve Curzio Malaparte: Nadejda Konstantinovna Krupskaia teve, na vida de Lenin singular importância: representa uma parte que surpreende até mesmo os que vêem em Lenin o Gêngis Khan da revolução proletária. Mulher enérgica e muito inteligente, de olhos claros e salientes, olhar doce e lento lábios grossos e moles, espírito claro e limitado, caráter paciente e resoluto, Nadejda Konstantinovna Krupskaia não foi apenas a secretária do revolucionário profissional, mas sua colaboradora devotada e incansável, mulher no sentido mais burguês do termo, aquela que, tanto em Chutchenskoie [Sibéria], como em Londres, Paris e Zurique, nos tristes anos de exílio, ou nos trágicos dias da revolução, zelará pela saúde de Lenin, pelo seu trabalho, descanso, suas distrações, e lhe proporcionará um ambiente doméstico simples mas tranqüilo, num clima de confiança e tranquilidade familiar”.
L. Fotieva (Lydia Alexandrovna Fotieva), autora do livro traduzido do russo para o espanhol com o título De la vida de Lenin, e depois traduzido para o português, por Zuleika Alambert, com o título de Lenin, escreve: “Antes de minha chegada a Genebra, não tinha uma idéia exata do caráter e do tamanho das divergências entre os bolchevistas e os menchevistas. No entanto, mesmo o pouco que chegava até nós fazia com que inclinássemos para os bolchevistas. Assim é que, quando cheguei a Genebra, senti todas as minhas simpatias voltadas para os bolchevistas – mais por intuição, que por compreensão absoluta – e a seguir incorporei-me ao seu círculo. Somente em Genebra, quando comecei a ler ávidamente a literatura do Partido, sobretudo o livro de Lenin Um Passo Adiante, Dois Passos Atrás, e conversando com os camaradas de mais idade, compreendi plenamente toda a profundidade e antagonismo das divergência entre Bolchevistas e Menchevistas”.
Sobre a vida de Lenin com sua mulher, em Genebra, diz L. Fotieva: “Foi nesse ambiente complicado, tenso e difícil em que me encontrei ao incorporar-me à colônia de emigrados em Genebra, no verão de 1904. Vladimir Ilitch e Nadiejda Constantinovna voltaram logo. Meu encontro com eles produziu-me enorme impressão. Era surpreendente a simplicidade e afabilidade deles. Era surpreendente a singular perspicácia de Vladimir Ilitch. Diziam que lia até o fundo da alma das pessoas”. L. Fotieva diz ainda, que, ao trabalhar com Nadiejda sentiu por ela um grande afeto. Afirma também que Nadiejda era uma pessoa equilibrada, tranqüila e cordial; e que possuía conhecimentos teóricos e grande experiência do trabalho partidário.
Caro Sandro,
ResponderExcluirFoi com satisfação que encontrei o seu blog com os meus textos sobre Lenin. Agradeço pela deferência.
Grande abraço,
Pedro Luso.